Cicatrizar no molhado é doloroso. Consegue imaginar um ferimento exposto à àgua salgada? que torna-se vermelha ao banhar-se de sangue do corpo violentado. Este sal é negro, da corpo de minha pele. É ele quem sara as feridas que o garante essa preciosa coloração. Por cicatrizar-me no mar, me torno mergulhadora. Sou então um corpo feito de areia e ondas violentas. Torno-me aquática.
O processo de se curar no mar é lento e profundo. Quando entro no mar, mergulho em temporalidades distintas que reconectam-se em mim. Eu sou um vínculo entre o passado e o futuro. É no meu corpo d'agua onde ancestralidades naufragadas emergem à superfície - que é minha pele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário