O que o mar tem a me dizer sobre as travessias africanas feitas em direção ao Brasil? Quantos litros de lágrimas de corpos negros misturaram-se à esta água salgada? Quero ouvir do mar sobre o peso dos navios negreiros, que se alterava sempre que um sequestrado africano era jogado em águas atlânticas. Também me interesso sobre o peso dos barcos repletos de negros refugiados; contemporâneos à mim. É essa água que constitui meu corpo diaspórico negro-bixa. Mar, grita-me os silenciamentos, aqueles que ainda são produzidos por colonizadores. E diga-me, por favor, a melhor rota que me leva à ilhas de liberdade.
FOTOGRAFIA: Rodrigo Jesus
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